quarta-feira, 31 de março de 2010

Crepúsculo de Outono


O crepúsculo cai, manso como uma benção.
Dir-se-á que o rio chora a prisão de seu leito...
As grandes mãos da sombra evangélicas pensam
As feridas que a vida abriu em cada peito.


O outono amarelece e despoja os lariços.
Um corvo passa e grasna, e deixa esparso no ar
O terror augural de encantos e feitiços.
As flores morrem. Toda a relva entra a murchar.


Os pinheiros porém viçam, e serão breve
Todo o verde que a vista espairecendo vejas,
Mais negros sobre a alvura unânime da neve,
Altos e espirituais como flechas de igrejas.


Um sino plange. A sua voz ritma o murmúrio
Do rio, e isso parece a voz da solidão.
E essa voz enche o vale...o horizonte purpúreo...
Consoladora como um divino perdão.


O sol fundiu a neve. A folhagem vermelha
Reponta. Apenas há, nos barrancos retortos,
Flocos, que a luz do poente extática semelha
A um rebanho infeliz de cordeirinhos mortos.


A sombra casa os sons numa grave harmonia.
E tamanha esperança e uma tão grande paz
Avultam do clarão que cinge a serrania,
Como se houvesse aurora e o mar cantando atrás.

Manoel Bandeira'

sábado, 27 de março de 2010


Uma provável vila, margeada em seus horizontes por telhado de igreja e montanhas, pacata diante do silencio da leve brisa.
Uma fusão de cores entra em contraste num céu azul rico em nuvens que se difundem com o aparente aspecto acinzentado das montanhas, com seus traços longínquos e pequenas elevações em seu picos recobertos pela neblina passando a sensação de calmaria ate apresentarem no caminhar da montanha tons da sua vegetação em sua inclinação.
Um salto inebriante de fria cor lilás das flores e uma cor amarelada dando um tom mais quente a toda aquela flora que se diferencia dos contínuos tons da vegetação e construções simples na vila com cores sem vida, casa com cercado e janelas irregulares escondidas abaixo das flores. Uma igreja com aspectos antigos e manchas escurecidas causadas pela umidade, portas e janelas bem trabalhadas e com minuciosas terminações, uma escada misteriosa e sem destaque realçadas pela cor alaranjada das folhas acompanhadas com o seu intenso verde e ao chão uma concentrada poça de água.
Uma calmaria sem fim, delineada em cada traçado da paisagem, um lugar resguardado e abrigado pela paz.

Camila Mercuri'

quarta-feira, 24 de março de 2010

Pés no chão.

Hoje eu me senti tão triste
Mais suave é a vida
Quando você faz papel de irmão
Hoje eu perdi o sentido
Já não penso em mais nada além de anestesiar a minha solidão
Na neblina vi o seu sorriso tímido
Dizendo "assim tá tudo bem"
Vi o seu casaco, abrindo os braços, me acenando
Como se não existisse, mais ninguém...
Tudo pode parecer um caos
Pois quando eu ando sem destino
Só você me traz
De volta segurando a minha mão
E agora pode me levar no colo
Feito uma criança, num filme de assombração
Não posso encostar os pés no chão
Hoje eu me senti tão triste
Já não penso em mais nada além de anestesiar a minha solidão
Na neblina vi o seu sorriso tímido
Dizendo "assim tá tudo bem"
Vi o seu casaco, abrindo os braços, me acenando
Como se não existisse, mais ninguém...
Tudo pode parecer um caos
Pois quando eu ando sem destino
Só você me traz
De volta segurando a minha mão
E agora pode me levar no colo
Feito uma criança, num filme de assombração
Não posso encostar os pés no chão
E agora pode me levar no colo
Feito uma criança, num filme de assombração
Não posso encostar os pés no chão...
No chão
No chão


 Luxuria.

segunda-feira, 22 de março de 2010

sábado, 20 de março de 2010

, um pouco de mim sem querer fazer deste blog um diario particular'

Sempre estamos virando reféns dos nossos atos e não podemos afugentar nossas inseguranças, hoje o mesmo motivo da minha felicidade é o da minha tristeza, não saber o que realmente se quer ou como se deve agir é conturbaste, coisas acabam me destruindo sem eu ao menos perceber, eu sei apenas que preciso me dar um tempo e tentar ouvir meu coração sendo prudente com o que é melhor para mim, usando a razão, mas porque ambos são tão contrários, e me dizem que devo agir de formas diferentes sobre os mesmos assuntos? Seria tudo apenas uma brincadeira do destino? Ainda não sei o que levarei disso tudo, tenho medo de sofrer e me afundar cada vez mais em um precipício sem fim. Queria apenas ser feliz, queria ver as pessoas felizes, nem sei se isso é querer demais, mas as coisas estão tomando o seu rumo, não sei qual é, tudo esta muito indefinido, vou deixar tudo acontecer naturalmente, insegura se isso será o melhor para mim, a confusão esta presente em cada infinito aspecto.
Queria dominar a minha vida, mas isso vai alem de mim, não sei lidar comigo nem com os meus sentimentos, tudo o que eu pensei que sabia hoje tenho a prova do contrario, não me entender é uma barreira muito grande que eu vou ter que passar, não sei quando encontrarei respostas muito menos gostaria de receber pressão de qualquer lado que seja, queria um colo, ouvidos e olhos que simplesmente eu desabafasse sem precisar ficar explicando nada, muito menos sendo julgada sobre o que estou sentindo, e olhos que eu pudesse enxergar a minha paz e pudesse ser o meu abrigo, sem eu nem precisar ser entendida.

, sem mais...


Circulos (8)

Camila Mercuri’

sexta-feira, 19 de março de 2010

Um dia que se vai.




O leve movimento uniforme traçado das ondas
Formadas sob força do vento
Quebram no contato com a areia da praia;
Areia marcada por vestígios de todo um dia de calmaria.

Barcos solitariamente afastados em suas ancorações;
Um horizonte finito sob uma ilha obscura;
E o desfoque do farol quase imperceptível.

O sol prestes a se acolher diante do seu império
Deixa o seu caminho no mar
Marca sombras de sua inclinação.

Unidade de vida sob um céu múltiplo em cores
As mesmas cores refletidas que incendeiam aos olhos frios.

Creditos da imagem:  Silas Matos 

Camila Mercuri'

sábado, 13 de março de 2010

Eletrodomestico

Se vira menino que a vida é a vera, é a prova dos nove é um jogo de campo, se vira menino você ta sozinho, todo mato é espinho e o seu destino é ladrão.
Precisa do pai, precisa do filho, precisa do espírito santo, da virgem Maria da tia da vizinha ou então de quem pariu esse pais, me diga quem viu, me diga quem pariu esse país, dos braços abertos do céu de anil, me diga quem te pariu.







Daniela Mercury ' 

"O grande vencedor se ergue alem da dor"
Revirar um sentimento revirado causa a destuição do sentimento que ainda não foi revirado'

Camila Mercuri'

Sob luz de vela...


Quando o mundo se fecha e a natureza determina toda a sua vivacidade só nos cabe respeitar, em tempos de cascatas de raios, rajadas de água brotando das nuvens, o som do choque das plantas com o vento nos mostra que a nossa natureza é fraca e que somos marionetes que se iludem diante do precioso poder de viver que nos foi dado, nos achamos soberanos diante das nossas construções e conquistas, mas nossas atitudes porem que nos deixam ficar presos num labirinto de egoísmo e futilidade onde não vemos o tempo passar diante da própria carapuça que determinamos para nós. Temos o poder de pensar, mas somos burros, a própria natureza tem medo do seu poder destrutivo porem a nossa ignorância não permite que enxerguemos isso e continuemos achando que estamos vivendo de cortes e reinados onde tudo é submisso a nossa flora de hipocrisia.
Somos nada mais nada menos do que produtos de nossos reagentes, pois a soma dos rubores e clarões transformam silencio e escuridão em barulho e luz, o mundo só entrara em formação saudável quando nosso olhar se voltar para a natureza como dependente fonte de nossa vida.

Camila Mercuri '

Incerteza

esgueiro-me à noite pálida da incerteza
azul
decalcada em fragrâncias sem cheiros
de linhas paralelas de vazias

rabisco-me breve
num ímpeto febril de audácia e devaneio
caminho arestas em forma de cotovelo
vielas sinuosidades de convexas

delongo-me
num tempo que ainda não é o tempo,
visceral e justo, de vindimar socalcos à serra…

dispersa
desperta
vislumbro sempre planícies de capelas imperfeitas
nas calçadas imprevistas
no íngreme evidente dum céu ora límpido, ora soturno,
bordado a luz em crivo aberto
em alinhavos de palavras aciduladas p’lo vento…

prossigo. guio-me
guiada apenas p’lo teu perfume intenso
de homem-rã, de sangue coalhado a frio,
com pólvora a transbordar
dos bolsos e olhos rubros de amanhã.

encontro-te
na meia desfeita de uma cama confrangida
em chama, onde te espero sempre,
dia após dia, noite após noite,
em químicas de magia e desespero,
aguilhoada ao verbo,
e, porque ausente,
flor de acácia desvalida, adormeço,

acordo aqui, no ventre de um poema,
pincelada rudemente a argila…
… ou pó de gesso!

quinta-feira, 11 de março de 2010


Um misto de sentimento tomara conta de mim desde que abri aquele e-mail. “Preciso falar com você, me procure ainda hoje!” Tentava em cada letra, desvendar a intenção com que me escrevera aquilo. Depois que rompemos o namoro nunca mais havia me procurado. E agora, o que o levara a deixar aquele e-mail. Tão direto e misterioso.
Cinco meses, cinco longos meses que a ausência do meu amor torturava minha alma. Cada dia sentia meu coração mais apertado e minha vida mais acinzentada, sem sentido. Enquanto me dirigia para sua casa, lembrava dos momentos felizes que passamos juntos. Nossas viagens, nossas danças, nossos apelidos. Coisas tão peculiares, tão especiais, e pensar que jogamos tudo fora. Cheguei à frente do prédio e hesitei em entrar. O que ele queria comigo? Porque só abri meu e-mail um dia depois que ele me enviou a mensagem? Será que ele ainda quer falar comigo? Duvidas, incertezas...
Tomei coragem e subi. De escada mesmo. Queria tempo para pensar nas palavras que eu poderia dizer ali naquele momento. Eram cinco andares, e cada lance de escada que eu subia, sentia meu coração mais acelerado. No penúltimo lance, parei e respirei fundo. Subi o ultimo lance lentamente até chegar a sua porta. Porta essa que já tinha sido cenário de tantas despedidas, sempre com a promessa de que eu voltaria no outro dia, para te amar, para ser feliz, para viver um pouco mais.
O que eu estava fazendo ali? Quebrando um juramento! Pensei em voltar, deixar um bilhete sei lá... Mas se fizesse isso, eu nunca saberia o motivo daquele e-mail. Respirei fundo e bati na porta. Ninguém respondeu, novamente bati e nada. Virei as costas certa de que não havia ninguém, então me lembrei que eu tinha uma chave. Hesitei em abrir, mas com muita coragem tirei a chave do bolso e abri a porta. A televisão estava ligada. Canal de esportes como sempre. Fui andando lentamente por cada cômodo da casa lamentando a desordem que se tornara aquele local desde que não estive mais lá.
Aproximei-me do quarto e vi o computador ligado, me aproximei para desligar, já pensando que não tinha ninguém em casa. Ao passar pela cama, vi a pior cena que os olhos de uma mulher poderiam enxergar. O ser que eu amava, aquele a quem eu dediquei meus melhores dias, meus mais nobres sentimentos, estava ao lado da cama sem vida, morto.
Senti metade de mim morrendo naquele instante, o chão fugiu dos meus pés, me faltou o ar, quando olhei para a tela do computador pude ler um e-mail. Ainda não tinha sido enviado. Dizia assim: Perdoe-me por minha atitude covarde, mais é insuportável a dor da sua ausência! Adeus.
Passei anos da minha vida culpando-me por seu suicídio. Talvez se eu abrisse minha caixa de e-mail, um dia antes eu ainda o encontraria com vida. Precisei de forças para que eu pudesse esquecer aqueles momentos horrorosos. Hoje estou conformada, restaram somente lembranças desse amor que começou.

Silas Matos *-*

quinta-feira, 4 de março de 2010

Porquê tanta procura de ti mesmo,
Tanta dor, tanta ferida por sarar,
Tanta palavra à solta nesse mar
Da alma, em inquieto sofrimento?

Se a dor sozinha por vida tens tomada,
Só por viva a alma te fazer sentir,
É porque da paixão não sabes nada.

Por compaixão por ti deixo-te ir...