terça-feira, 30 de novembro de 2010

à primeira vista!

Ela estava sentada em uma mesa para dois, no fundo do restaurante. Normalmente, Luiz nunca faria o que fez, se aproximar da mesa de uma mulher que almoçava sozinha em um restaurante. Mas essa era uma situação especial, ela era o amor de sua vida.
Até aquele momento, Luiz nunca acreditou na “pessoa certa”, mas bastou olhar para ela e se sentir estúpido por ter duvidado. Ele sentou de frente para ela.- Está sozinha? – perguntou. Ela olhou para o fundo dos olhos de Luiz e começou a chorar desesperadamente.
O restaurante inteiro encarava a mesa. Ele tentava acalmá-la.
- Calma, calma… o que aconteceu?
- Eu não aguento mais, Luiz Otávio! ela respondeu, acertando não só o seu nome mas também o segundo nome do qual Luiz não gostava muito.
- Como assim? Como você sabe que meu nome é Luiz?
- Luiz não! Luiz Otávio, seu animal! – respondeu por entre soluços do seu choro que, finalmente, se acalmava.
- Tá, Luiz Otávio, mas como você sabe disso?
- Eu quero o divórcio! – disse ela.
- Você é doida!?! Eu acabei de sentar aqui, nem te conheço…
- Claro que não me conhece, nunca se deu ao trabalho. Anos de casamento e você não me conhece!?! – finalizou, saindo do restaurante.
Luiz teve que pagar a conta da “esposa”, ninguém acreditou nele quando disse que nunca tinha visto ela antes. Enquanto assinava o recibo do cartão, se convenceu de se tratar de algum tipo de golpe. Como não pagar a conta do restaurante. Apesar disso, sentia um nó na garganta, como se tivesse perdido alguém importante.
Quando chegou em casa, viu pela primeira vez a foto preto e branco, dele e dela, abraçados em uma praia. O susto inicial foi seguido de vários. A cada cômodo do apartamento, encontrava pequenas provas da vida com ela. Duas escovas de dente no banheiro, duas toalhas, sem contar em um incontável número de frascos, potes e pomadas de tratamentos para a beleza, que apenas uma mulher conseguiria acumular. Ficou sentado na poltrona da sala, esperando que ela entrasse pela porta a qualquer momento. Quando o sol raiou, o seu nó na garganta se transformou na agonia do desespero.
Não conseguiu sair de casa nos primeiros dias. A saudade do amor que ele nunca viveu o corroía por dentro. Na semana seguinte, o advogado dela entregou a Luiz os papéis do divórcio. Luiz exigiu, pediu, suplicou para que o advogado contasse onde o amor da sua vida estava. O advogado, irredutível, disse que sua cliente não queria mais nenhum tipo de contato com o ex-marido.
Luiz estava apoiado na mesa da cozinha, como se apenas sustentar o peso de seu corpo fosse um esforço tremendo. Os papéis do divórcio espalhados pela mesa. Luiz pegou uma página logo em sua frente, e por entre as lágrimas, começou a ler. Luiz, enfim, descobriu qual era o nome dela.
A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo !
Não seria perfeito ?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010


Brinquei tanto com o ontem que o hoje não passou de meras lembranças!